OS ESPERTOS, SEMPRE ALERTAS
“-Ô tio, cê usa camisinha!?” O que responder quando um sobrinho de 5 anos lhe faz uma pergunta dessas, a queima roupa, numa festa em família? Se disser que sim, será que ele vai pedir para ver? E se disser que não? Estávamos nos anos 80, éramos mais conservadores e a epidemia de AIDS explodia, campanhas de conscientização em todas as mídias, locais públicos e privados, nas escolas, no trabalho: “-Camisinha pra quê?”, tergiversei. “-Pra não pegar AIDS!!”, me explicou o Gabriel, como quem repete algo muito evidente. Eu quis testar quanto ele sabia sobre o que estava falando: “-Hmm... Você usa?” “-Não.” Ele mostrou alguma frustração pela resposta sincera. Mas não deixou por menos: “-É, mas minha amiga de escola usa.” “-Ah, é!? E como a sua amiga usa camisinha?” “-A mãe dela coloca na lancheira, pra ela tomar com água, se ficar nervosa.” Um exemplo do que uma avalanche de apelos dramáticos, dirigidos à massa, pode produzir na cabeça