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Mostrando postagens de 2015

O CARÁTER DAS CANETAS

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"Ele tem a força!" Ou, numa interpretação mais atual, "ele tem a ... caneta!" Esse poder de varinha mágica que possuem determinadas canetas é responsável por boa parte do atraso do mundo.  É quando o gestor público esquece que a autoridade se estabelece com base na lei. Recebe um cargo e sai assinando o que tem na cabeça, como se a expressão da própria vontade fosse tudo que se esperava dele. Acredita-se uma sumidade cujos atos serão, por definição, os melhores. O gestor consciente e competente, antes da lei, terá seus próprios limites morais. Vai respeitar o valor da palavra, as expectativas que gera ao seu redor, os hábitos já estabelecidos, para tratar cada situação com o devido respeito. Porém, quando a palavra dita passa a ser apenas uma arapuca e, quando até a palavra assinada, depois de acordos, desaparece diante de uma assinatura idêntica mais recente, é porque uma crise institucional está se desenhando. Um exemplo: com o leilão da faixa de 700M

ALGEMAS REAIS NO MUNDO VIRTUAL

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"-Ô, seu guarda... Por que fecharam essa rua aí!? "-Ah, foi o Juiz que mandou." "-Mas fechar por quê? Até que horas vai isso?" "-Sei não. Parece que o cara ali da padaria não pagou as contas dele, então o promotor pediu pra fechar a rua até derrubar o faturamento, pra ele resolver pagar." Não foi uma rua, mas uma infovia, por onde passam diariamente dezenas de milhões de pessoas. O WhatsApp parou por 13 horas no Brasil e, mais uma vez, levou o nome da pátria amada às manchetes internacionais. Nada de fazer coro à indignação, evocar o absurdo. Pobre coitado, o que será do absurdo? Até as coisas que ninguém imaginou já acontecem, e o significado dele só encolhendo. O fato está aí, na história, e apesar da origem virtual terá reflexos reais que podem impactar o mundo todo. Tudo começou com um processo crime, ninguém sabe qual, porque corre em segredo de justiça na cidade de São Bernardo do Campo, Grande São Paulo. O promotor do caso quer aces

PRÊMIO FINEP DE INOVAÇÃO CONFIRMA O RITMO DA CRIATIVIDADE

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Inovação é o fim do mundo! Mas também é o começo de outro. É o que se viu na história da Internet. A grande rede foi idealizada para viabilizar a comunicação entre centros de pesquisas, no caso de uma guerra nuclear. Seria o fim do mundo. Os cientistas teriam a tarefa de reconstruir a civilização, conversando por uma espécie de Whatsapp do Apocalipse. Quando a guerra fria acabou, pensaram em dar outra utilidade a rede. E então surgiu o mundo virtual da Web, onde acontece grande parte da nossa vida real. Hoje o mundo não é mais o mesmo. Ele está sendo a cada dia algo um pouco diferente. Um pouco mais a cada semana, mudado a cada mês, imprevisível a cada ano, irreconhecível a cada década. Por enquanto, o nome disso é inovação. A Finep - Financiadora de Estudos e Projetos, ligada ao Governo Federal, estimula a inovação no Brasil de todas as formas possíveis. Além de financiar, identificar potenciais, novos nichos, aproximar saberes, ela também premia as mais destacadas inovações

A CONFERÊNCIA DO CLIMA E O FUTURO DA POLUIÇÃO

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Talvez algum dia reconheçam que a palavra mais devastadora dessas últimas décadas está entre os vocábulos mais ingênuos e politicamente corretos do Ocidente. A tradução pode sofrer algumas variações etimológicas de um idioma pra outro mas, com certeza, em todas as nações, onde existe o atraso essa palavra será usada. Atraso pela procrastinação, pela leniência, pela apatia. A palavra é "conscientizar", em todas as suas flexões, mais a substantivação. Aí está a COP 21, com o despropósito de trazer propostas para evitar o aquecimento global. Uau, já são 21 anos de conversa, e o que foi feito até agora? Conscientização, oras! É nessa palavra onde param todos os tipos de soluções. Juízes de Direito já apareceram até na TV, criticando, por exemplo, radares de velocidade, para substituí-los por "ações de conscientização". E o trânsito matando! Conscientizar deve ter o poder de tirar os jovens das drogas, manter as ruas limpas e conservadas, erradicar a dengue no B

E SE TUDO VIESSE DE "MÃO BEIJADA"?

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O que pode faltar quando tudo é de graça? Um caso prático, observado no último fim de semana em Campinas-SP, pode conduzir a uma resposta esclarecedora para essa questão. A história começou na semana anterior, quando várias pessoas receberam mensagens, via Facebook, sobre um evento de arrecadação de donativos para famílias atingidas pelo mar de lama em Mariana-MG. Foi marcado para o domingo, num espaço público, entre oito da manhã e cinco da tarde. O local foi cedido pela prefeitura, a divulgação de evento pelo Facebook não custa nada e uma transportadora cedeu dois caminhões de carroceria fechada, tipo baú, e os motoristas para levar os donativos. Já estava terminando o horário e voluntários estavam organizando pelo chão milhares de garrafas de água mineral, alimentos não perecíveis, roupas. Duas pessoas conversavam próximo ao balcão: "-Vocês me deixam entrar depois das cinco? Ainda preciso comprar os donativos." "-Desculpe, meu caro, mas temos horário para

O CALENDÁRIO DIGITAL

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Pra que serve um calendário no Brasil, além de fazer propaganda? E que a ilustração seja muito bonita porque, de hábito, não devem olhar muito pra calendário. Datas em que alguma coisa acontece por aqui não tem número, tem nome: "véspera", por exemplo. Os outros dias são todos iguais, pelo menos para quem decide as mudanças. Como a grande massa já se acostumou com essa brincadeira de mal gosto, a data importante para o povão chama-se "agora-não-dá-mais". Até então nada de reagir aos avisos, a rotina não muda. Tem uma véspera chegando aí. É pra resolver mudar outra véspera. Deve ser um episódio emocionante porque o suspense é total, ainda ninguém arrisca nenhum palpite. A data é para desligar definitivamente o sinal analógico de TV, só vai ficar TV digital no ar. Sem um set-top box (conversor digital) ou sem um televisor desses mais novos, não vai ser possível assistir à TV no Brasil. A quantidade de interesses conflitantes nessa história é o que mais compli

A TECNOLOGIA EM BUSCA DOS SEUS SONHOS

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Uma trama de muita ação com Arnold Schwarzenegger. Metade do enredo é o mesmo de sempre. Só que no caso em questão a ficção científica foi boa. Por exemplo, as férias do personagem foram virtuais! Ele era um peão de obra e, sem dinheiro para viajar, comprou um "implante de memória" de uma viagem. Tinha uma máquina que implantava no cérebro dos clientes maravilhas que nunca aconteceram, mas ficavam para sempre na memória. High Tech tipo "me engana que eu pago". Foi quando o título do filme pareceu lógico: "O Vingador do Futuro". Também, com um futuro desses... A tecnologia real é muito útil, mas também está cheia de coisas sem graça. É que são anunciadas com um tal frisson, capaz de levar muitos na onda. Os "sem noção" se encantam por nada, esses nem conta. Outros, que compram no embalo, podem querer vingança no futuro. O mais curioso é que os caras que inventam essas coisas tem as melhores intenções. Mas, ao que tudo indica, também fazem

EXPERIÊNCIA HISTÓRICA NO MERCADO PUBLICITÁRIO, AGORA TAMBÉM NA INTERNET

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Que tipo de assunto é mais comum nos ambientes que você frequenta? No trabalho, na faculdade, fala-se mais da novela, de virais da Internet ou de coisas mais próximas, como projetos pessoais, vida alheia? Sejam quais forem, já estão digitalizados. Do rádio ao WhatsApp, circula de tudo, pode ser interessante ou não. O que interessa é manter a conversa, o conteúdo tanto faz. Na Internet, mais do que conversar com alguém, publica-se. Todo mundo falando pra todo mundo e ainda assim, muita gente querendo entrar na conversa. Principalmente os que pagam a conta dessa babel. Por isso é ela, a propaganda, o assunto mais presente no mundo. Uma "conversa" onde o que se mostra e se diz é para ser respondido com atitudes de consumo. A propaganda é a mensagem que vai, e vai de novo, esperando que as moedas respondam. Ela só precisa entrar nas conversas. No Brasil, um país comunicativo, a propaganda sustentou a maior rede de TVs abertas do mundo. Em nenhum outro lugar tantas em

UMA PÍLULA PARA A INOVAÇÃO

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O alerta foi feito por vários médicos, tanto urologistas como psiquiatras: o Viagra e similares não funcionam se o usuário não estiver motivado para "partir pra cima". O recado foi para os maridos que, desinteressados pelas intimidades da vida a dois, aparecem em consultórios procurando uma receita para a inquietude das esposas. As cobranças muitas vezes atrasam o sono, tão importante para o sucesso no dia seguinte, nos negócios, pelos quais são verdadeiramente apaixonados. Sem desejo o milagre não acontece em casa e a culpa fica entre o médico e o laboratório. O mesmo se passa com a inovação. Não havendo motivação, interesse, e até uma certa paixão, ela não vai surgir firmemente nas alturas do sucesso. Por outro lado, exige-se um ambiente adequado, que favoreça a abordagem. É o que não acontece no Brasil. Pelo menos foi o que transpareceu até há pouco o recente episódio envolvendo uma outra pílula, a "pílula da USP", anunciada como a cura do câncer. Es

TEMPO INSTÁVEL PARA A TV BRASILEIRA

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"Na compra de um novo, garantia de três anos ou até 10 mil quilômetros". Em menos de uma linha, um contrato claro no mercado de automóveis. Nem sempre é tão fácil assim. Quando uma condição não exclui claramente a outra fica na base do "tá escrito ali", só que não, "porque antes tá escrito isso aqui". É o que parece estar acontecendo no caso do "switch off" brasileiro, tecnicamente traduzido por "desligamento do sinal analógico de TV" ou ainda, "apagão", para os íntimos. As razões dessa confusão começam a ficar claras quando se entende os interesses em jogo. Por que é importante desligar o sinal analógico? Não dá pra deixar o sinal digital e o analógico no ar e cada um escolhe o que quiser? Não pode, porque seria um grande desperdício. A Internet, o crescimento das telecomunicações, dependem muito de espaço no chamado espectro eletromagnético. Esse espaço depende muito da melhor organização das frequências, o que acab

ENTRE O ADOLESCENTE E O "ABORRECENTE"

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Adolescência é uma idade complicada. A gente espicha, a voz muda, a cara começa a ficar de adulto, mas a criança dentro da cabeça ainda decide muitas coisas. Tem o lado prosaico, tipo ser flagrado pelo Inspetor bem na hora em que pulou o muro da escola. Daí o marmanjão vai pra diretoria e dá aquela desculpa esfarrapada: "-É que eu esqueci o livro de história, eu queria ir busca-lo em casa." O Diretor fica pasmado, pensando o que é que tem a ver uma coisa com outra! Até quando vai precisar fazer de conta que é possível acreditar nesse tipo de explicação? O outro lado dessa mistura de criança e adulto numa só pessoa é muito mais preocupante. Melhor nem exemplificar, até porque os casos são cada vez mais assustadores, na medida em que este mundo fica mais complexo. A sociedade está cada vez menos flexível, cada um tem de agir dentro de um padrão, o meio termo atrapalha o ritmo das coisas. É assim que surgem alguns tropeços dessa jovem democracia que adolesce num paí

COLOQUEM OS CINTOS, O PILOTO MUDOU

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Máquina de escrever, identificador de chamadas telefônicas, sensor de movimentos Kinect, avião e até o Facebook. Tem muita coisa que brasileiros inventaram, total ou parcialmente, mas que enriqueceram empreendedores de outros países. A explicação pra esse tipo de mico é que o dinheiro chega para quem inventa uma forma de uso. Santos Dumont inventou o avião mas a aviação foi inventada em outro país, para que todos pudessem usar aviões. O câmbio automático é uma criação brasileira de 1932, dos engenheiros José Braz Araripe e Fernando Lemos, mas ninguém fabricava carros aqui naquela época. Usar onde, então? Seis anos depois a General Motors comprou a patente e passou a usar e comercializar devidamente o invento brasileiro. Pois é, hoje a invenção brasileira com maior potencial de uso e geração de negócios no Brasil é o Ginga C. Se tem outra, está bem escondida. O Ginga é um software, do tipo middleware, que instalado num set-top box (conhecido como "conversor digital"),

CRIADOR E CRIATURA

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O efeito da indústria do cinema na sociedade é algo que ainda vai demorar um tempo pra ser aquilatado. Pense no efeito que ele teve na sua vida. Filme inesquecível, cena, atitude, talvez até na escolha da profissão, da namorada, na decisão de se casar. O cinema é tudo isso e é também o criador da TV. Foi a produção da telona que preencheu e trouxe vigor para a telinha virar companhia íntima do mundo todo. Outro sério efeito na sociedade! A TV acabou com a mesa do jantar, com as cadeiras nas calçadas, trocou o voyerismo das janelas pelos reality shows e assumiu uma vida própria. Nesse meio tempo foi acusada de ameaça contra o próprio cinema, quando inventaram os vídeo cassetes. Mas as salas só mudaram para os shoppings e se multiplicaram. Os arautos dos fins dos tempos também previram o fim dos shoppings. Foi quando inventaram o comércio eletrônico. Desde então os lançamentos de novos shoppings cresceram consideravelmente. Agora é o fim da TV aberta que está em pauta, portanto,

INOVAÇÃO É PARA DESTRUIR OU CONSTRUIR?

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Inovação tem algo meio contra intuitivo: quanto mais rápida, melhor a gente vê. Fica muito perceptível quanto o mundo se transforma em tão pouco tempo. Inovação, oras! E olha, vendo assim, nos detalhes, é um bicho de sete cabeças. Em cada cabeça, uma carinha mais linda que a outra, mas no todo é assustador. Na primeira metade do século passado, quase numa profecia, o economista Joseph Schumpeter cunhou um termo para inovação que hoje está parecendo mais um conceito: destruição criativa. Genial! Praticamente dois antônimos que se alinham para apontar um significado preciso. Para o economista austríaco o surgimento de uma inovação é a razão suficiente e necessária para que a economia saia de um estado de equilíbrio e entre numa disparada. Lembrando que, do equilíbrio à disparada, tem muita destruição. O caso mais emblemático, no momento, é a criação Uber destruindo taxistas. Eles formam quase uma nação sem estado, fruto da diáspora automobilística, de um ciclo econômico ante

A CIÊNCIA HUMANA E A TV

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"-Amor, você acha que esses brincos combinam com o meu corte de cabelo?" Ela fala na maior felicidade. Para as mulheres em geral, se enfeitar para aparecer em público é algo excitante. O "Amor" pode estar irritado. Não só porque não entende o que brincos tem a ver com corte de cabelo, mas pelo atraso que aquela decisão vai causar ao compromisso. "Coisas de mulher", diriam os machistas. Pois esses ogros deveriam ouvir o que Barack Obama confessou a respeito da tarefa de se vestir: "-Vocês devem ter percebido que só uso ternos cinzas ou azuis. Não quero decidir sobre comida ou roupas, porque tenho tantas outras decisões a tomar." Veja só, macho que enfrenta terroristas, confessando que escolher roupas, cansa. Não é só ele. Mark Zuckerberg, o bilionário do Facebook, que usa camiseta cinza idêntica todos os dias, explicou que quer liberar a vida dessas questões, "para que eu precise tomar o mínimo possível de decisões sobre qualquer coi